domingo, 24 de junho de 2007

ARRAIÁ DO CNSC

FOTOS DE ALGUMAS ALUNAS GATINHAS DO CNSC
(OZAMIR LIMA)






















sábado, 23 de junho de 2007

[Pré-história ]O Homem de Neandertal - Professor Elmo

O Homem de Neandertal conheceu um mundo hostil. A espécie surgiu há cerca de 200 mil anos e desapareceu há pouco mais de 30 mil. Viveu na Europa, parte da Ásia e Oriente Médio. O mundo do neandertal era mais frio e habitado por ursos imensos, mamutes e rinocerontes peludos. Como as feras que foram suas contemporâneas, ele era talhado para o frio. Seu nariz era mais largo, o corpo baixo - não passava de 1,65 metro - e musculoso. Essas adaptações permitiram-lhe resistir melhor ao rigor do clima, mas não foram suficientes para fazê-lo superar o homem moderno, com o qual conviveu por milhares de anos. Hoje, não são poucos os cientistas que supõem que foi a competição com o homem moderno o principal motivo da extinção do neandertal. Basicamente, neandertais e homens modernos compartilham muitas características físicas, embora os primeiros tivessem a testa mais retraída e as sobrancelhas proeminentes. Os neandertais foram capazes de fazer jóias e instrumentos, enterrar seus mortos, caçar organizadamente e acredita-se que tenham desenvolvido alguma forma de linguagem, ainda que mais primitiva.

[Esparta] Que educação...- Professor Elmo

Parta agora para Esparta

Alguma vez, você já parou para pensar como seria a sua vida, se você fosse um garoto espartano, nascido na Grécia Antiga?
Logo ao nascer, seria mostrado aos mais velhos, os quais o examinariam, dizendo se era um garoto saudável ou não. Caso não o fosse, você seria exposto e morto em um local chamado Apothetae. Um teste que lhe seria feito é o da bacia com vinho, no qual seria mergulhado e somente os que possuíam uma excelente saúde resistiriam sem sequer desmaiar.

O menino espartano, do seu nascimento até os seus sessenta anos, estaria sob as ordens e disciplina do Estado e, de seis em seis anos, se iniciava uma nova fase em sua vida.

Durante os seis primeiros anos de vida, você seria cuidado por sua mãe, porém, depois, iria viver em quartéis, sob uma educação claramente militar. O rigor dos seus treinamentos físicos e militares aumentaria com o passar dos anos. Você dormiria em um colchão feito de madeira e teria de se acostumar à quantidade de comida que lhe seria servida. Para suplantar as suas necessidades, teria de praticar o roubo.

Assim que completasse seus 12 anos, já estaria sendo treinado com o máximo de rigor e disciplina possíveis. O seu cabelo seria cortado bem curto, ficaria descalço sem roupa alguma e teria de fazer exercícios físicos nu.

Juntamente com os seus colegas, você teria de fazer tarefas como limpar o quartel, arrumar as coisas etc.

Aos 18 anos, você seria considerado legalmente maior de idade, mas não militarmente. Seria considerado um postulante e faria testes para o exército, ainda não como combatente.

Aos 19 anos, se tornaria um combatente, mas não um soldado de primeira linha, o qual só poderia ser aos 24 anos de idade.

Assim que chegasse aos 30 anos, conseguiria sua cidadania completa, podendo se casar, ter filhos e morar numa casa, que seria sua, não mais em quartéis com várias pessoas num mesmo ambiente. Além disso, poderia deixar o seu cabelo crescer e mostrar, com orgulho, os seus longos cabelos, os quais mostravam que já havia atingido a maturidade e servido ao Estado.

[Os Celtas] Será verdade? História Geral - Professor Elmo

Gregos e Romanos como colônias celtas?
Os Celtas tiveram duas grandes ondas migratórias, ou seja, em dois momentos começaram a se espalhar como diria o cantor Vini "água morro abaixo e fogo morro acima". Primeiro foi em 1800 aC., quando surgiu a idéia de terra sagrada, precisavam achar esta terra sagrada, saíram então por todas as direções.

No princípio moravam na região da Alemanha, mas foram para onde fica hoje a França, a Itália, Grécia, Espanha, Portugal e mesmo a Turquia. Levaram com eles suas lendas, suas histórias sobre os 4 artefatos sagrados, e seus costumes . Certamente esses costumes influenciaram os futuros gregos e romanos, mas daí a dizer que eles fundaram esses povos.

O fato é que não dá para dizer que um povo é fundado, aos poucos pessoas de vários locais vem para uma mesma terra, lá se encontram, trocam informações e acabam desenvolvendo uma cultura própria, a Grécia e Roma não são colônias celtas, mas com certeza eles estiveram lá, e fizeram parte destas sociedades

Uma vez tendo chegado à Inglaterra, uma nova onde migratória ocorreu, queriam espalhar para todos os outros celtas as ciências druídas, o contato se fazia em geral em torno deles. Assim os homens mantiveram-se nas terras em que moravam já que os druídas vinham até eles, ocupando portanto um vasto território. O seu contato com os povos do Mediterrâneo foi constante, embora sempre se diga que não se entenderam muito bem. Os Romanos que o digam, levaram séculos para consquistá-los, tanto na França (de onde surgiu a história de Asterix e Obelix) como na Inglaterra, tanto que jamais a conquistaram por inteiro.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

[Curiosidades na História] Professor Elmo

E se os gregos não tivessem existido?
Menos inquietações existenciais, menos obras de arte e o homem em segundo plano. Assim seria o hemisfério ocidental caso a civilização grega jamais tivesse existido. "A sociedade seria menos reflexiva e racional. Viveríamos baseados apenas na fé", diz José Leonardo Nascimento, professor da Universidade Estadual Paulista. Imaginar uma situação como essa não é tarefa fácil. Afinal, a influência grega no Ocidente é profunda e vasta. Por outro lado, pensar nessa hipótese só é possível graças aos gregos, já que a reflexão intelectual nasceu entre eles e não há dúvidas de que este seja seu maior legado.

"A tomada de consciência do homem sobre si mesmo e sobre os fenômenos que os cercam não ocorreu apenas na Grécia, mas foi ali que, por força de uma cultura dedicada à figura humana, desenvolveram-se explicações racionais como a matemática, a medicina e a filosofia", afirma Donaldo Schüller, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Para ele, a base de toda inquietação humana vem desse processo de racionalização da natureza. "Os gregos do século VI a.C. abandonaram as soluções metafísicas e espirituais do mundo e buscaram explicações racionais para os eventos que influenciavam suas vidas. Este é o início da ciência como a conhecemos. Portanto, sem os gregos ninguém estaria quebrando a cabeça tentando se conhecer, o que seria a morte de qualquer corrente filosófica", diz Schüller.

O antropocentrismo – palavra grega que significa o homem como centro de tudo – é outra herança daquele povo. Segundo José Leonardo Nascimento, esse conceito foi fundamental para a definição do pensamento ocidental, influenciando diversas áreas do conhecimento, das artes às religiões. Uma idéia original e única em todo o mundo.

Apesar de toda sua importância sobre o mundo antigo, a cultura grega e suas influências estiveram adormecidas durante a Idade Média, quando o sentimento religioso e místico predominou. "Pensar em um mundo desprovido da influência grega é pensar na idade média até o renascimento", diz Nascimento.

"As medidas do homem (antropometrismo), suas feições e expressões, passaram a ser usadas nas artes plásticas e a servir de referência para nossas criações mitológicas e religiosas", afirma Nascimento. A idéia de representar o homem tal como ele é não existiria. Em seu lugar, as artes seriam povoadas de manifestações bem distantes do real, como as colossais obras egípcias. Imagine essa tendência aplicada na arquitetura. Teríamos contruções monumentais, adequadas às dimensões dos deuses e não às do homem.

É difícil imaginar o que seria das artes ocidentais sem toda a referência clássica. "Sem a Grécia teríamos o embotamento da cultura dos sentidos", diz Nascimento. Em outras palavras, as artes não teriam o homem como referência e iria prevalecer outro tipo de modelo. "Tendo como padrão a arte egípcia, por exemplo, nosso imaginário estaria repleto de figuras descomunais, com aparência divina e animal", explica.

Além das artes, essa forma de ver o mundo foi definitiva nos campos da ciência e da religião. Doutores do Cristianismo, como São Tomás de Aquino e Santo Agostinho, fundiram o pensamento grego aos fundamentos da religião. Sem a influência grega, o Cristianismo seria muito mais austero, menos afeito aos sincretismos e, sobretudo, sem as figuras dos santos. Talvez não se tornasse a religião predominante sobre a Terra. Sem a filosofia clássica, o cristianismo seria pouco mais que uma seita neojudaica.

Para o professor Schüller, o homem ocidental seria outro. A consciência sobre nós mesmos, nossos medos, traumas e desejos, também. "Freud provavelmente teria outro emprego. O homem se confrontando com seus limites é uma invenção grega", diz. Uma situação impensável sob a ótica do budismo, por exemplo, posto que a doutrina oriental suprime o desejo na busca da tranqüilidade de espírito.

[Grécia Antiga] Revisando História Geral - Professor Elmo

RESPONDA: Sobre a Civilização Grega – Professor Elmo

01.(UFCE) No mês de julho de 1996, foram realizados os Jogos Olímpicos em Atlanta, nos Estados Unidos.
Sobre a origem desses jogos é correto afirmar:
01. os Jogos Olímpicos faziam parte dos festejos sociais e políticos das cidades da Grécia Antiga.
02. durante a realização dos Jogos Olímpicos se estabelecia uma trégua entre as cidades em guerra.
04.os Jogos Olímpicos eram desprestigiados pelas autoridades político-militares da Grécia Antiga.
08. os vencedores do jogos eram festejados, premiados e tratados como heróis das suas cidades.
16. o termo Olimpíadas tem origem nos jogos quadrienais, realizados nas cidades gregas de Corinto e Delfos.

02. (UFSC) Assinale a ÚNICA proposição CORRETA. Entre os povos indo-europeus, que foram os principais fundadores das Cidades-estados da Grécia Clássica, encontram-se os:
a) Sumérios, Aqueus, Eólios e Godos.
b) Aqueus, Jônios, Eólios e Francos.
c) Jônios, Persas, Aqueus e Dórios.
d) Eólios, Vândalos, Jônios e Aqueus.
e) Aqueus, Dórios, Jônios e Eólios.

03. (Faculdade Positivo-PR) Em que civilização antiga a mulher gozava de grande prestígio?
a) Fenícia
b) Cretense
c) Grega
d) Micênica
e) Babilônica

04. Foram características dos Genos na Grécia Antiga EXCETO:
a) crença na existência de um antepassado comum.
b) produção econômica baseada no trabalho escravo.
c) produção voltada para o autoconsumo.
d) existência de um pater ou patriarca.
e) propriedade coletiva dos meios de produção.

05.(FGV-RJ) As Cidades-Estados, na Grécia:
1. eram politicamente autônomas.
2. apresentavam organização econômica solidária.
3. estavam unidas na política de colonização do Mediterrâneo.
4. possuíam princípios religiosos antagônicos.
5. mantiveram política comercial comum.

domingo, 17 de junho de 2007

VOCÊ SABE USAR A CRASE ? (2 )

As frases estão certas ou erradas?

Eu não me referi a sua namorada...
certa
errada

...mas me referi aquela garota que lá está.
certa
errada

Cheguei à casa ao meio-dia.
certa
errada

Cheguei à casa de Eduardo ao meio-dia.
certa
errada

Quando chegaram a terra, os marinheiros festejaram o retorno ao lar.
certa
errada

A reação que você teve foi análoga a que tive quando a encontrei.
certa
errada

Não obedeço a regras absurdas.
certa
errada

O detetive seguia a mulher à distância.
certa
errada

As secretárias as quais já paguei o salário podem retirar-se agora.
certa
errada

A conjugação do verbo aderir é idêntica à do verbo preferir.
certa
errada


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Ozamir Lima

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Lamarca: Cézar Silva

Li no jornal O Globo a seguinte notícia:

Será apresentado hoje à Comissão de Anistia do Ministério da Justiça o relatório sobre o pedido de promoção do ex-capitão do Exército Carlos Lamarca, morto em 1971, na Bahia, como um dos principais líderes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). O pedido foi apresentado por Maria Pavan, viúva de Lamarca. Se o pleito for atendido, Lamarca poderá ser promovido a general, e a viúva terá direito à correção da pensão e a um valor relativo à diferença dos salários não recebida ao longo dos últimos anos.
A comissão deve apreciar ainda pedido que garante a Maria e os filhos de Lamarca, Cláudia e César Pavan, uma compensação financeira pelo período que passaram exilados em Cuba.

Antes de deixar o Exército e partir para a guerrilha com os colegas de VPR, Lamarca mandou a mulher e os dois filhos para Cuba.


COMENTÁRIO: Com o golpe militar que instaurou a ditadura no Brasil, houve posteriormente um gradativo endurecimento do regime que levaria ao surgimento de grupos guerrilheiros que se lançaram à luta armada. Entre esses guerrilheiros que para financiar a luta contra a ditadura recorreram a assaltos e a seqüestros de diplomatas, estava o Capitão do Exército Carlos Lamarca. Exímio atirador e brilhante estrategista, integrou-se a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), criou um foco de guerrilha rural, no vale do Ribeira, região sul do estado de São Paulo. Na luta contra o regime militar, o capitão Lamarca foi morto no sertão baiano no ano de 1971.

Outros grupos guerrilheiros

Aliança de Libertação Nacional: Sob a liderança de Carlos Marighella, operou nas regiões da grandes capitais brasileiras.

Guerrilha do Araguaia: Movimento que envolveu mais pessoas e o mais longo, foi organizado por membros do PC do B.


domingo, 10 de junho de 2007

PSV 2008- UERN

Publico resumo do livro O Ateneu, que é leitura obrigatória para o PSV 2008 da UERN, boa leitura.

OZAMIR LIMA

O Ateneu - (Raul Pompéia) - resumo

PERSONAGENS:

Sérgio – protagonista e narrador;

Aristarco – diretor do colégio (internato). É autoritário, egocêntrico e moralista;

Franco – sempre fora a vítima das brincadeiras de mau gosto dos outros;

Bento Alves – o misterioso e protetor;

Rabelo – o conselheiro;

Sanches - amigo, colega da classe.

Ema – mulher de Aristarco, substitui a mãe de todos os alunos;



Tendo por cenário um internato e por protagonizar um menino de onze anos, Sérgio, O Ateneu é tematizado pelo drama da solidão, do desajuste do indivíduo em relação ao meio.

A história é narrada em primeira pessoa pelo personagem principal, Sérgio, já adulto. Não linearmente, ele mostra os dois anos em que viveu no internato que fora obrigado a ir pelo seu pai, e que servia de metáfora para a Monarquia o qual tinha como diretor Aristarco. São narrados episódios de suas amizades, seus colegas interferindo com ele, a tensão homossexual entre os alunos do internato, a falsidade de uns, a deformação de caráter de outros e a única pessoa que lhes ajudava no internato, Dona Ema, mulher de Aristarco, por quem tinha uma paixão platônica.

Essa reconstituição compreende uma descrição expressionista de pessoas e ambientes em que o narrador desnuda cruelmente os colegas, como por exemplo, Ribas, que canta como anjos, Franco, o eterno penitente, Barreto, um colega para quem o mal eram as fêmeas e que se aproxima de Sérgio com suas idéias obre inferno e perdição, os professores e o diretor, reduzindo-os a caricaturas grotescas, nas quais se percebe a intenção de deformar, como se Sérgio estivesse vingando-se do seu passado e de todos que faziam parte do Ateneu.

Quando a escola é incendiada no final da história por um aluno durante as férias, Ema foge. Sérgio presencia a cena pois estava convalescendo ainda na escola. Essa obra foi chamada pelo autor de “Crônica de Saudades” e ultrapassa a dimensão autobiográfica por causa de sua qualidade literária.


O Ateneu, Crônica de Saudades, estrutura-se através de “manchas de recordação”, ou seja, de uma sucessão de episódios, cujo fio condutor é a memória do personagem-narrador. Não há propriamente um enredo. Relatamos, a seguir alguns episódios:

Com onze anos, o menino Sérgio (que narra a história em primeira pessoa) entra para o “Ateneu”, famoso colégio interno dirigido pelo Dr. Aristarco Argolô de Ramos. Principia falando de Aristarco:

“um personagem que, ao primeiro exame, produzia-nos a impressão de um enfermo, desta enfermidade atroz e estranha; a obsessão da própria estátua. Como tardasse a estátua, Aristarco interinamente satisfazia-se com a influência dos estudantes ricos para seu instituto. De fato, os educandos do “Ateneu” “significavam a fina flor da mocidade brasileira”.

O pai de Sérgio, ao deixá-lo à porta do “Ateneu”, disse-lhe:

“Vais encontrar o mundo. Coragem para a luta”.

E o narrador acrescenta:

“Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico...”

Sobre os companheiros de classe, diz:

“eram cerca de vinte: uma variedade de tipos que me divertia: o Gualtério, o Nascimento, o Álvares, o Mânlio, o Almeidinha, o Mauríllio, o Negrão, o Batista Carlos, o Cruz, o Sanches e o resto, uma cambadinha indistinta, adormentados nos últimos bancos, confundidos na sombra preguiçosa do fundo de sala.”

Nos primeiros dias, Sérgio atravessa por um período de ajustamento, e conversando com o Rebelo, um veterano, este assim opina sobre os companheiros:

“Têm mais pecados na consciência que um confessor no ouvido, uma mentira em cada dente, um vicio em cada polegada de pele. Fiem-se neles... São servis, traidores, brutais, adulões. Fuja deles, fuja deles. Cheiram a corrupção, emprestam de longe. Corja de hipócritas! Imorais! Cada dia de vida tem-lhes vergonha da véspera. Mas você é criança; não digo tudo o que vale a generosa mocidade. Com eles mesmos há de aprender o que são... Os rapazes tímidos, ingênuos, sem sangue, são brandamente impelidos para o sexo da franqueza; são dominados, festejados, pervertidos como meninas ao desamparo. Quando, em segredo dos pais, pensam que o colégio é a melhor das vidas, com o acolhimento dos mais velhos, entre brejeiros e afetuosos, estão perdidos... Faça-se homem, meu amigo. Comece por não admitir protetores.”

Após a fase inicial de ajustamento, Sérgio vai-se habituando à vida do internato. Interessa-se pelos estudos, graças à ajuda de Sanches. Mas o Sanches estava mal intencionado: seu plano era perverter Sérgio. E, como não consegue, passa a persegui-lo, como “vigilante” que era. O resultado é que Sérgio, de bom aluno, passa a figurar no “livro de notas”, um trágico livro em que cada professor anotava as supostas indisciplinas e que o diretor lia todos os dias perante os alunos para isso reunidos, tornando públicas as atitudes faltosas, as quais eram castigadas rigorosamente. Sérgio entra em perigosa fase de desânimo, tornando-se religioso. Nessa fase tem amizade com Franco, um pobre-diabo que vivia desprezado por todos, o figurava permanentemente no “livro de notas”. Certa vez, Franco para vingar-se dos colegas que haviam maltratado, joga cacos de vidro na piscina. (Sérgio ajuda nesta tarefa.). Felizmente as intenções maldosas de Franco são por acaso frustradas, pois houve a limpeza da piscina antes que os alunos banhassem; mas o episódio fez com que Sérgio, arrependido, deixasse a fase de “misticismo” e passasse a encarar a vida de outra maneira: conta a seu pai o que realmente era o “Ateneu” e resolve, daí por diante, tomar atitudes de pessoa independente, enfrentando inclusive a autoridade despótica e interesseira de Aristarco.

E o narrador: “esse foi o caráter que mantive, depois de tão várias oscilações.”

Nesta altura, introduz novo personagem: O Nearco, um ginasta de grande valor, que acabara de entrar para o “Ateneu”. Embora excelente nos exercícios de ginástica, foi como orador do grêmio literário do colégio que Nearco se destacou. Às reuniões desse órgão estudantil, chamado “Grêmio Amor ao Saber”, Sérgio comparecia como simples assistente. Como o grêmio possuía farta biblioteca, Sérgio começa a freqüentá-la, então que se deu um fato estranho: Freqüentando a biblioteca, Sérgio travou amizade com o Bento Alves, um aluno mais velho que trabalhava como bibliotecário. Uma amizade que logo degenerou, por força das más intenções do Bento Alves. Logo os colegas começaram a dizer piadas e a fazer comentários:

“A malignidade do Barbalho e seu grupo não dormia. Tremendo da represália do Alves, faziam pelos cantos escorraçada maledicência, digna deles”.

Certo dia, o diretor se dirigiu aos alunos:

“Tenho a alma triste, senhores. A imoralidade entrou nessa casa! Recusei-me a dar crédito, rendi-me à evidência...”.

Narra então, o diretor, um caso de “amor” entre dois alunos, inclusive faz referência a uma carta de “amor” em que um dos protagonistas convida o outro para um encontro no jardim e assina: Cândida ( o aluno se chamava Cândido)... E o diretor termina a primeira parte do discurso com a frase:

“Há mulheres no “Ateneu”, meus senhores.”

E o desfecho acontece:

“Aristarco soprou duas vezes através do bigode, inundando o espaço com um bafejo todo poderoso. E, sem exórdio: Levante-se Sr. Cândido Lima! Apresento-lhes, meus senhores, a Sra. Dona Cândida – acrescentou com ironia desanimada. Para o meio da casa! Curve-se diante dos seus colegas. Cândido era um grande menino, beiçudo, louro, de olhos verdes e maneiras difíceis de indolência e enfado. Atravessou devagar a sala, dobrando a cabeça, cobrindo o rosto com a manga, castigado pela curiosidade pública. –Levanto-se, Sr. Emílio Tourinho... Este é o cúmplice, meus senhores. Tourinho era um pouco mais velho que o outro, porém mais baixo; atarracado, moreno, ventas arregaladas, sobrancelhas crespas, fazendo um só arco pela testa. Nada absolutamente conformado para galã, mas era com efeito o amante. –Venha ajoelhar-se com o companheiro. –Agora os auxiliares. E o chamado do diretor, foram deixando os lugares e postando-se de joelhos em seguimento dos principais culpados. Prostrados os doze rapazes perante Aristarco, na passagem alongada entre as cabeceiras das mesas, parecia aquilo em ritual desconhecido de noivado à espera da bênção para o casal frente. Em vez de bênção chovia a cólera.”

E prossegue o autor:

“Conduzidos pelos inspetores, saíram os doze como uma leva de convictos para o gabinete do diretor, onde deviam se literalmente seviciados, segundo a praxe da justiça de arbítrio. Consta que houve mesmo pancada de rijo.”

Sérgio teve, após o episódio com Bento Alves, um amigo “verdadeiro”, Egbert.

Tendo sido transferido para o dormitório dos maiores, Sérgio começa a viver em ambiente mais masculino. Narra os hábitos dos mais velhos, as saídas noturnas pelas janelas, etc.

Conta Sérgio o episódio da morte do colega Franco, vítima de péssima educação que havia recebido em casa e igualmente vítima dos maus-tratos sofridos no “Ateneu”.

E termina o livro com o Incêndio que destrói o “Ateneu”, incêndio, ao que se diz, “propositadamente lançado pelo Américo”, um aluno revoltado, que fora colocado à força pelo pai no internato.

Conclui o autor:

“Aqui suspende a crônica das saudades. Saudades verdadeiramente? Puras recordações, saudades talvez se ponderarmos que o tempo e a ocasião passageira dos fatos, mas sobretudo – o funeral para sempre das horas.”


BANDEIRANTES: Cézar Silva


O preço da conquista


O Bandeirismo tem sido considerado, desde o século XIX até os dias de hoje, como um dos "grandes temas" da historiografia brasileira. Durante a primeira metade do século XX, os estudos sobre o bandeirismo serviram de base para a construção da idéia de Pátria e, em especial, de uma identidade para os paulistas nas paginas dos livros da história nacional. Desta maneira os bandeirantes foram transformados em heróis, e responsáveis pelo "desbravamento do sertão" e pela "conquista do território" contra o inimigo espanhol.

Hoje, a imagem de grandiosidade dos bandeirantes é cultivada nas homenagens presentes em: nomes de ruas, rodovias, palácios, monumentos públicos ou em ilustrações e textos de alguns livros escolares.

Os estudos historiográficos sobre o tema, produzidos nas duas últimas décadas, problematizaram a ênfase anteriormente à conquista geopolítica do bandeirismo. Segundo o historiador John M. Monteiro (1994), as bandeiras organizadas pelos paulistas tinham como objetivo principal a caça e a captura dos índios, visando à escravização do mão-de-obra nativa. Portanto, essas incursões, ao invés de contribuírem diretamente para a ocupação do interior, concorreram antes para a devastação de inúmeros povos nativos.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

VOCÊ SABE USAR A CRASE ?

As frases estão certas ou erradas ?


Ela prefere recorrer as bênçãos do vigário da vila.
a) certa
b) errada

Eu estava à toa na vida, quando Hemengarda chegou.
a) certa
b) errada

Postou-se ao lado dele, à espera de uma oportunidade para prosear.
a)certa
b) errada

A medida que iam conversando, o sono incomodava Osbirvânio.
a)certa
b) errada

O jogo começará as 21h.
a) certa
b) errada

Comemos arroz à grega hoje.
a) certa
b)errada

Fui à Brasília no verão do ano passado.
a)certa
b) errada

Assisti à um show do Sepultura na Alemanha.
a)certa
b) errada

Levou Georgina a casa da irmã.
a)certa
b)errada

Estarei esperando-a em casa após às 14h.
a) certa
b)errada

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GABARITO: A alternativa correta está destacada com cor laranja

domingo, 3 de junho de 2007

[História] O Cinema e a História Geral - Professor Elmo

























Reflexão sobre a história:

Uma Cidade sem Passado (Das Schreckliche Mädchen - Alemão, 1989)
Diretor: Michael Verhoeven
Moça de uma cidade pequena decide escrever um texto sobre a cidade na época do nazismo para concorrer em um concurso. Aborda a questão do resgate histórico e a importância da pesquisa para esclarecer a própria história. Mostra igualmente o papel da ideologia na história.

Pré-História:
Mistério da humanidade (1988)
Documentário da National Geographic Society sobre a origem do homem na Terra.

A Guerra do fogo (1981)
Direção: Jean-Jacques Annaud
Destaca a descoberta e a importância do fogo nas comunidades primitivas, as dificuldades de sobrevivência, a diversidade cultural e a organização do homem pré-histórico.

Antiguidade:

Terra dos Faraós (1955)
Direção: Howard Hawks
Relata o reinado do faraó Quéops, em 2800 a.C., e a construção de uma pirâmide (por 20 anos) que seria o seu túmulo.

O egípcio (1954)
Direção: Michael Curtiz.
Ambientado na época do Novo Império.

Cleópatra (1963)
Direção: Joseph L. Mankiewicz
Destaca os romances da famosa rainha do Egito.

Spartacus (1960, EUA)
Direção: Stanley Kubrick
O gladiador Spartacus, em 73 a.C., comanda célebre rebelião de escravos contra a classe dominante de Roma. Filme baseado no romance histórico de Howard Fast, vencedor de quatro Oscars.

Sansão e Dalila (1952)
Direção: Cecil B. de Mille
Tem por eixo o romance de Sansão, um juíz hebraíco, com Dalila.

A Queda do Império Romano (1963)
Direção: Anthony Mann
O tema é o final do Império, assolado pelos bárbaros.

Alexandre Magno (1956)
Direção: Robert Rossem
Sobre a vida do grande conquistador macedônio.

Roma antiga (1987, EUA)
Aborda aspectos da influência cultural de Roma na Civilização ocidental.

As aventuras de Erik, o viking (Erik the viking, 1989, Inglaterra)
Direção: Terry Jones
Sátira dos costumes vikings, narrando a vida do guerreiro Erik, perturbado por matar uma mulher.

Asterix, o gaulês (1968)
Direção: René Goscinny e Uderzo.
Originário de uma popular série de histórias em quadrinhos, destaca com humor os confrontos entre romanos e gauleses.

Asterix e Cleópatra (1968)
Direção: Joseph L. Mankiewicz
Destaca os romances da famosa rainha do Egito.

Átila, o Rei dos Hunos (1954)
Direção: Douglas Sirk
Destaca as conquistas dos hunos e a liderança de Átila, apelidado de "flagelo de Deus."

Os dez mandamentos (The ten commandments, 1956, EUA)
Direção: Cecil B. DeMille
Épico que, inspirado na narrativa bíblica, conta a história de Moisés, do nascimento no Egito à liderança do povo judeu rumo à Terra Prometida.

Os reis do Sol (1963)
Direção: Jack-Lee-Thompson
Filme sobre a civilização maia.

Electra, a Vingadoura (1961)
Direção: Michael Caccoyannis
Baseado na tragédia grega, de mesmo nome, de Sófocles.

Faraó (Pharaoh, 1964, Polônia)
Direção: Jerzy Kawalerowicz
A luta pelo poder entre as classes dirigentes no Egito Antigo. Competente reconstituição de época.

Júlio César (1953)
Direção: Joseph L. Mankiewicz
Filme inspirado na peça homônima de William Shakespeare sobre o conquistador romano, destacando a atuação de Marco Antônio.

Júlio César (1970)
Direção: Stuart Burge
É uma versão mais moderna do filme anterior.

Idade Média:

A Grande Cruzada (1987)
Direção: Franklin Schaffner
Sobre a Cruzada das Crianças, do século XIII.

A Lenda da Flauta Mágica (1972)
Direção: Jacques Demy
Mostrando a típica estrutura de uma cidade medieval, o filme relata a história do flautista que livrou a cidade – Hamelin – dos ratos.

Santa Joana (1957)
Direção: Otto Preminger
Baseado na peça homônima de Bernard Shaw, narra a história de Joana D’Arc, na Guerra dos Cem Anos, mostrando o seu julgamento e condenação.

Brancaleone nas Cruzadas (1970)
Direção: Mario Monicelli
Continuação do Incrível exército de Brancaleone, destacando as aventuras dos cruzados na palestina.

Ricardo, Coração de Leão (1954)
Direção: David Butler
Trata das aventuras do rei Ricardo nas Cruzadas.

Robin Hood, o Príncipe dos Ladrões (1991)
Direção: Kevin Reynolds
Filme centrado na lenda do nobre inglês que lidera um grupo de camponeses rebeldes na floresta de Sherwood, roubando dos ricos para dar aos pobres.

Decameron (1971)
Direção: Pier Paolo Pasolini
Compreende oito histórias retiradas da obra de Boccaccio, satirizando os costumes do século XIV.

El Cid (1961, EUA)
Direção: Anthony Mann
Lendário herói cristão procura unir, no século XI, os membros da nobreza para unificar a Espanha e lutar contra os invasores mouros. Bela reconstituição de época. Espetaculares cenas de batalha.

Em nome de Deus (Stealing Weaven, 1988, Inglaterra/ Iugoslávia)
Direção: Clive Donner
Narra a história verídica do amor entre o filósofo cristão Abelardo e a inteligente Heloísa, na França do século II. Transmite o peso das pressões religiosas medievais sobre a vida das pessoas.

Excalibur (1981)
Direção: John Boorman
Centrado na lenda do rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda, destaca a lealdade e a fidelidade do ideal de cavalaria, em meio ao romance de Lancelot e Guinevere.

O nome da rosa (The name of the rose, 1986, Itália/Alemanha/França)
Direção: Jean-Jacques Annaud
Crimes misteriosos abalam a rotina de uma abadia da Itália medieval. Um sagaz monge franciscano é chamado para resolver o mistério. Baseado no romance, de mesmo nome, do pensador Umberto Eco. Ótima reconstituição de época.

Leão no Inverno (1968)
Direção: Anthony Harvey
Ambientado no século XII, apresenta as disputas pelo trono inglês, envolvendo o fundador da dinastia plantageneta, Henrique II, sua esposa Eleanor da Aquitânia e seus filhos (Henrique III, Ricardo Coração de Leão e João Sem Terra).

Irmão Sol, Irmã Lua (1973)
Direção: Franco Zeffirelli
Tem por eixo o surgimento da Ordem Mendicante dos Franciscanos, destacando a vida de São Francisco e de Santa Clara.

Ivanhoé, o vingador do rei (1952, EUA)
Direção: Richard Thorpe
Aventura histórica, ambientada na Inglaterra medieval, sobre a luta do cavaleiro Ivanhoé contra os inimigos do Rei Ricardo Coração de Leão.

O incrível exército de Brancaleone (1965)
Direção: Mario Monicelli
Sátira aos ideais de cavalaria medieval na época das Cruzadas, tendo como protagonista um nobre arruinado, Brancaleone, em busca de um feudo.

Joana D’Arc (1948)
Direção: Victor Fleming
Destaca a jovem francesa que liderou as tropas francesas no final da Guerra dos Cem Anos.



DEPOIS POSTAREI - O ROL DE HISTÓRIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA

[História] Neonazismo - Professor Elmo

A imigração e a dificuldade de assimilação dos trabalhadores das regiões periféricas da economia européia; a recessão e o desemprego; a degradação do nível de vida; a diminuição da arrecadação de impostos e o ressurgimento de velhos preconceitos étnicos e raciais favorecem, a partir dos anos 80, a retomada de movimentos autoritários e conservadores denominados neonazistas.
Os movimentos manifestam-se de forma violenta e têm nos estrangeiros o alvo preferencial de ataque. Valendo-se também da via institucional parlamentar (Frente Nacional, na França; Liga Lombarda e Movimento Social Fascista, na Itália) para dar voz ativa às suas reivindicações, os movimentos neonazistas têm marcado sua presença na Europa, em especial na Alemanha, Áustria, França e Itália.
No Brasil, “carecas”, skinheads e white power são alguns dos grupos em evidência nos grandes centros urbanos, promovendo ataques verbais, pichações e agressões dirigidas principalmente contra os migrantes nordestinos e a comunidade judaica.

[História] América do Sul - Professor Elmo

Falar da realidade da Venezuela hoje é uma tarefa profundamente complicada, porque partimos da situação de uma população extremamente polarizada, quase incapaz, por enquanto, de criar um mínimo ambiente de tolerância e respeito mútuo, onde parece que manda o princípio: “Falo com você quando desaparecer”, atitude que se sustenta nos dois lados como uma constante. A chegada ao poder do atual presidente Chávez aconteceu num contexto bastante peculiar. De um lado, era evidente o colapso do sistema de partidos que, por causa do clientelismo partidário, – Venezuela é um Estado rico graças ao petróleo –, tinham desacreditado completamente as instituições fundamentais das democracias, isto é, os partidos políticos.
Do outro lado, a riqueza mal administrada havia deixado como conseqüência uma distribuição desigual e uma apropriação da mesma, criando contradições sociais que faziam prever, como de fato ocorreram em várias ocasiões, episódios de violência social e política. Um exemplo foi o “Caracazo” de 1989, quando na capital houve fortes desordens nas ruas e saques de lojas e mercados, em reação à aplicação das primeiras medidas de tipo neoliberal e à corrupção dominante no governo.
As classes populares e boa parte da classe média, embora por razões diferentes, apoiaram o então tenente coronel Hugo Chávez que, com um discurso contundente sobre o tema da injustiça e da luta contra a corrupção, emergiu como o homem providencial para fazer a mudança histórica que muitos esperavam (1998).
Venezuela:
Superfície: 912 mil km2
Capital: Caracas (2 milhões)
População: 25,1 milhões (2002)
Composição: mestiços 67%; brancos 21%;
afro-americanos 10% e índios 2%
Idioma: espanhol
Religião: catolicismo: 94,4%; protestantismo: 5,6%
Governo: república presidencialista
Economia: petróleo (produto principal), pesca, cana de açúcar, banana, milho, bovinos,
suínos, aves.
A Assembléia Nacional Constituinte (1999) apareceu como o meio mais eficaz para conseguir as mudanças. Produziu-se uma transformação do Estado e na mesma Constituição consegui-se dar espaço a certos temas de interesse para o país, inclusive internacionais, como os direitos das mulheres e dos indígenas, povos ancestrais que embora sendo uma pequena parte da população, carregam elementos e riquezas culturais importantes. Como é lógico supor, essas mudanças tão profundas deviam produzir um reajuste nos grupos do poder, que, evidentemente, se encontravam como perdidos nesse novo ambiente. Um grupo de políticos afastados do poder começou a fazer-se presente como força de questionamento. Porém, também dentro do chavismo, as deserções começaram a formar forças opositoras.
A isso deve-se acrescentar o discurso do presidente e sua “super-exposição” nas mídias. Na Venezuela, registram-se, em algumas semanas, até 12 ou 15 horas de cadeia nacional, durante as quais se começou a insistir, não mais na idéia de mudanças sociais e constitucionais para ampliar a base democrática, e sim no uso da palavra revolução para designar um estilo agressivo de exercer o controle do Estado, mediante a utilização do corpo militar em quase todas as repartições da administração pública, processo iniciado no famoso plano Bolívar 2000. Neste caso, um plano organizado por Chávez para atacar a pobreza foi objeto de muita corrupção, por ter sido colocado nas mãos dos militares com exclusão dos civis. Tudo isso, evidentemente, é feito em nome do povo soberano. Estando assim as coisas, os venezuelanos começaram a sentir que esse governo que iniciou cívico-militar, foi-se convertendo em um governo militar-cívico, segundo o parecer de Pablo Medina, líder do partido de esquerda, Pátria para Todos. E já sabemos, como escreveu alguém, que na “América latina, o problema não é pôr os militares na rua, mas voltar a metê-los nos quartéis”.
Se a isso somarmos as alianças abertas e triunfalistas com Fidel Castro, que tem enviado mais de 11 mil pessoas entre supostos médicos e professores, completamos o quadro do conflito. Não se pode governar um país seguindo um modelo nascido nos anos 60 e que, em nenhum lugar, mostrou uma realização satisfatória.
No ano de 2002, exatamente em abril, as tensões chegaram a seu nível máximo e as marchas, cada vez mais numerosas, alcançaram níveis de furor; a última culminou com uma convocação para ir até o Palácio de Miraflores, sede do governo, a fim de exigir a renúncia do presidente, mas acabou num banho de sangue de partidários de ambos os lados, sem que até hoje tenham sido aclaradas as responsabilidades por nenhuma das partes. A Comissão da Verdade nunca pôde ser instalada.
Depois disso e depois da declaração do comandante geral do exército de que o presidente tinha renunciado, foi constituído um governo efêmero, que se comportou de maneira pouco democrática e cujos erros deram motivo a uma facção do exército e a uma parte do povo para devolver Chávez ao poder. Este, uma vez de novo na presidência, acusou de golpista a oposição e se propôs a fechar ainda mais as comportas democráticas. As tensões continuaram e foi necessária a presença e a mediação da Oea (Organização dos Estados Americanos), que continua até hoje.

O QUE FICA DAQUELE SONHO ORIGINÁRIO?

Os anseios de mudança que nasceram no início se tornaram, aos poucos, uma espécie de pesadelo contraditório entre todos os atores, criando um enredo difícil de resolver entre um governo pouco disposto ao diálogo e aos acordos e uma oposição ainda pouco consciente do drama humano e social que se esconde atrás dos grupos que ainda apóiam o presidente e os que se opõem a ele.
Eleições poderiam, num dato momento, ajudar a baixar as tensões, embora momentaneamente; porém não desmontariam os mecanismos de mútua exclusão étnica, social e econômica presentes na sociedade venezuelana que, graças à embriaguez causada pela venda do petróleo, tem ainda dificuldade de reencontrar-se consigo mesma na sua raiz mais profunda, isto é, sua identidade latino-americana e caribenha.
Também a Igreja venezuelana foi atravessada pelo conflito: dentro dela mantêm-se setores com opiniões divergentes e até contraditórias. Segundo a leitura do pe. Ledesma, diretor de Avec (Associação Venezuelana de Educação Católica), “A Igreja perdeu uma ocasião preciosa de levantar sua voz profética acima das partes em conflito (em muitos casos é percebida como da oposição), apresentando verdadeiros espaços de diálogo que procurem de alguma maneira o entendimento. Apesar disso, mantém-se unida e oxalá que esta unidade lhe permita reencontrar sua vocação e missão pacificadora e promotora de justiça e de misericórdia”.